Novas técnicas da odontologia veterinária trazem mais qualidade de vida.
Cachorro e gato usando aparelho nos dentes? Que invenção! Parece até um pouco esquisito, mas, às vezes, é necessário. Com tutores cada vez mais preocupados com saúde bucal, a odontologia veterinária já tem várias opções para corrigir o sorriso dos pets.
Mas, atenção: o tratamento vai muito além da estética. Fica combinado que deixar o pet mais bonito não é motivo. Dentinhos bem alinhados, além de melhorarem a aparência, são muito importantes para o animal. Corrigir esses problemas é questão de saúde.
O que é ortodontia e o que ela faz?
A ortodontia na clínica veterinária, assim como na prática em humanos, é uma área que estuda o posicionamento e movimentação dos dentes e das estruturas ao seu redor. Ela atua solucionando os problemas causados pelo mau alinhamento (maloclusão) na boca do animal.
E por que o alinhamento é tão importante? É bem simples. Os dentinhos tortos podem ser um charme, mas a posição correta é essencial para evitar desgastes, lesões e fraturas nos dentes, maxila e mandíbula.
Alterações não tratadas também podem causar dificuldade de mastigação, dor, infecções, feridas na boca, acúmulo de placa bacteriana e outros problemas sérios.
Se você já começou a imaginar se seu bichinho ficaria bem com um sorriso metálico, pare um pouco. Nem todo pet com mau alinhamento precisa usar aparelho! Na verdade, esse costuma ser um recurso da ortodontia corretiva quando outras soluções não são mais possíveis. Mas vai depender de cada caso, é claro.
A ortodontia pode ainda trabalhar de forma preventiva, acompanhando o crescimento dos dentes e ossos para evitar que os problemas se instalem. Outro modo de atuação é a ortodontia interceptiva, que tenta solucionar por técnicas cirúrgicas esses defeitos quando eles já existem, geralmente na época em que ainda há alguns dentes de leite.
Quais são as causas do desalinhamento?
Quem tem cães de olhinhos esbugalhados, rosto redondo e focinho achatado (shih tzu, maltês, pug, buldogue francês e outros) deve redobrar a atenção. O mesmo acontece com tutores de gatos persas. O ponto comum é que a própria anatomia desses pets já favorece problemas de alinhamento dental.
Outros fatores que influenciam nos defeitos de posicionamento incluem o hábito de mastigar materiais muito duros, quedas e traumatismos, número de dentes maior ou menor que o normal e atraso na queda dos dentes de leite.
Principais problemas ortodônticos em pets
É relativamente comum que cães e gatos tenham algum defeito no alinhamento dos dentes, mas isso não muda o fato de que eles devem ser olhados com atenção, não é? Sabendo disso, é importante conhecer algumas dessas alterações:
Persistência dos dentes de leite (decíduos)
Em alguns cachorrinhos, em especial os de raças pequenas, a troca da dentição não acontece como deveria ser. Quando os dentes permanentes, ainda em desenvolvimento, não estão na posição certa, eles não conseguem estimular a queda natural dos dentes de leite. Com esse problema, que é mais raro em gatos, a dentição permanente acaba nascendo no lugar errado.
Mordida cruzada
Ocorre quando os dentes da arcada superior e arcada inferior não se encaixam corretamente. É visível ao fechar a boca. Pode ser anterior ou posterior, causada por genética ou hábitos. Gera desgaste nos dentes e aumenta risco de fraturas.
Dentes apinhados
Às vezes não há espaço suficiente na boca. Quando isso acontece, os dentes crescem amontoados, sem respeitar a distância adequada. Para compensar a falta de espaço, eles giram sua posição ou nascem uns por cima do outros. O resultado é um sorriso tortinho e que retém mais restos de comida, pois é de difícil limpeza.
Alterações na posição da mandíbula e maxilar
Você já percebeu que alguns pets tem a aparência de “dentuços” ou “queixudos”? Isso costuma ocorrer quanto há encurtamento (braquignatismo) ou adiantamento (prognatismo) de uma das estruturas da boca em relação a outra. Essas estruturas são a maxila, que é a parte superior e fixa da boca; e a mandíbula, parte móvel e inferior.
Tratamento
Ficou curioso sobre o uso do aparelho? Como já falamos, nem sempre ele será um recurso. Cada caso é um caso. Depois do diagnóstico, o veterinário vai estudar qual é a melhor opção.
Em geral, os tipos de tratamento são divididos em:
Procedimentos cirúrgicos
Às vezes não dá pra prevenir que os dentes nasçam no lugar errado. Nesses casos, o veterinário pode recomendar um procedimento cirúrgico para fazer a extração ou desgaste dos dentes de leite. Assim, ele evita problemas maiores e ajuda no crescimento saudável da dentição permanente.
Aparelho ortodôntico
Existem outros modos de pôr os dentes no lugar. O aparelho usa a força para corrigir o mau alinhamento. Ele aplica pressão e, ao fazer isso, movimenta os dentes para a posição adequada.
Os pets possuem uma grande vantagem! Eles usam aparelho por menos tempo porque seus dentes se movimentam mais rápido. Alguns casos podem ser resolvidos em cerca de três meses. Depois disso, o animal fica livre e o tutor mais tranquilo.
Algumas coisas devem ser levadas em conta antes de escolher o aparelho:
- Temperamento do animal – será que ele tolera usar?
- Disponibilidade do tutor para manter todos os cuidados de higiene e manutenção;
- Custos, já que pode precisar de anestesias, fotografias, raios-x e produção de peças;
Os aparelhos existem em vários formatos e materiais, assim como na odontologia comum. Cada caso vai exigir um tipo. Os pets podem até usar aquelas borrachinhas coloridas e peças de metal que marcaram o look clássico de quem também já teve que corrigir os dentinhos.
Sorrir com conforto
A clínica veterinária vai sempre trabalhar com a melhor opção possível de tratamento. A prioridade é o conforto do animal. Ao ver que existe um problema, o profissional vai tentar escolher a opção que traga menos transtornos e complicações.
Nada vai ser feito se não for preciso. Isso quer dizer que nenhum bichinho vai ser submetido a um tratamento só para ficar mais bonito. Ao contrário de nós, os pets não se preocupam com a estética e sorriem de qualquer forma!
A ortodontia vai prevenir e corrigir defeitos que realmente afetam a vida de animal e podem pôr em risco sua saúde.